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IMPORTANTE : OPERADORAS QUEREM MUDAR MODELO DE SAÚDE

O controle de preços inviabilizou os planos individuais”, disse o presidente da FenaSaúde, Márcio Serôa de Araújo Coriolano, no 1º Fórum de Saúde Suplementar A lista de insatisfações com o atual modelo de saúde suplementar no Brasil renderia uma página inteira de jornal. Consumidores, operadoras e fornecedores não enxergam sustentabilidade no sistema atual. Como muitos empresários e consultores gostam de citar, a saúde não tem preço, mas a medicina tem custo – e ele é bastante alto. As operadoras estão se articulando para mudar o modelo e introduzir no mercado novos produtos e formas de remuneração. As despesas totais do setor de saúde suplementar (soma dos gastos assistenciais e administrativos) alcançaram R$ 143,6 bilhões e cresceram 13,8% nos 12 meses terminados em setembro de 2015, na comparação com o mesmo período encerrado em setembro de 2014. Nesse mesmo intervalo, as receitas de contraprestações somaram R$ 143,2 bilhões, um aumento de 12,8%. O resultado operacional do setor, portanto, foi negativo para o período, em R$ 0,4 bilhão. Os números se referem aos 18 grupos empresariais, que somam 24 operadoras, associados à Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). As maiores fatias de gastos, mostra a federação, são com internações e Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME). A FenaSaúde, no entanto, não divulgou perspectiva de faturamento anual. Na semana passada, as operadoras de saúde estiveram reunidas no 1º Fórum de Saúde Suplementar, em São Paulo, para discutir o tema “Sobrevivência do Setor de Saúde Suplementar – Propostas, Metas e Responsabilidades”. Muitas inspirações vêm do modelo norte-americano de assistência privada. As empresas querem, por exemplo, introduzir o modelo de franquia, semelhante a como acontece nos seguros veiculares. Alegam que assim seria possível reduzir o valor do prêmio (mensalidade) e estimular o beneficiário a fazer um uso mais consciente do plano. Tipicamente, quanto maior o valor da franquia, menor o valor do prêmio e vice-versa. Além disso, as empresas estudam aumentar a taxa de coparticipação, em que o empregado assume o pagamento de uma parte do valor da consulta ou do procedimento, uma alternativa que divide os custos da assistência médica entre empregador e empregado. Outra saída que vem sendo estudada para dar sustentabilidade ao setor é a introdução de uma espécie de VGBL saúde, projeto que está no Senado. O VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) é um tipo de previdência privada. O modelo ajudaria o beneficiário a manter o plano de saúde quando se aposentasse e pesaria menos na conta das operadoras. Outra opção seria fomentar Parcerias Público-Privadas, como centrais de compras, avaliações de tecnologias, conscientização e promoção da saúde. A atenção também se voltaria para questões de prevenção e maior atenção integrada aos idosos portadores de doenças crônicas, que mais pesam na conta. As empresas ainda estudam a viabilidade de integrarem e compartilharem a rede assistencial para idosos, iniciando com um projeto piloto em Copacabana. Os planos coletivos (empresariais e por adesão) vão continuar dominando o mercado brasileiro. “O controle de preços inviabilizou os planos individuais”, disse o presidente da FenaSaúde, Márcio Serôa de Araújo Coriolano, durante o fórum. Ele também é presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice. O reajuste dos contratos coletivos não é submetido à mesma regulação dos individuais. Especialista pede mais regulação “O custo da medicina hoje no Brasil beira a selvageria.” É assim que a advogada especializada em direito da saúde Rosana Chiavassa avalia o sistema. Na opinião dela, muitas das sugestões empresariais são apenas paliativos. Rosana defende que a única saída definitiva seria aumentar a regulação do mercado, com uma forte fiscalização nos preços. Esse é um ponto bastante reclamado pelas operadoras: a falta de uniformização e os altos preços praticados pelo mercado. “O mundo vive um caos na área de saúde pelo custo da medicina: farmácias, laboratórios, hospitais, clínicas, medicamentos”, avalia. A judicialização é um item que tem custado caro às empresas. O problema é que, sem assistência, o consumidor recorre à Justiça. As operadoras alegam que o beneficiário muitas vezes procura o judiciário por um procedimento que não está previsto em contrato e pelo qual ele não paga. A respeito das propostas que vêm sendo desenhadas, Rosana considera o VGBL Saúde um tipo de venda casada. “Sou contra. É mais uma forma de captação das operadoras. Além disso, vai desvincular o produto do Ministério da Saúde para vinculá-lo à Fazenda. É uma miscelânea que me preocupa”, diz. Sobre a proposta de franquia, a advogada avalia que “o problema do consumidor brasileiro é que ele busca produtos com menor preço sem pensar que pode ser um problema para ele”. Já na visão de João de Lucena, do departamento de saúde suplementar da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CSN), um dos maiores problemas do sistema é alta concentração do mercado. “Cerca de 20% das operadoras detém quase 80% do mercado. Nunca foi aberta a caixa preta da gestão das operadoras. A não ser quando a ANS intervém, esses dados não são abertos. Fala-se muito da gerência dos hospitais e pouco das operadoras”, reclama. Lucena diz ainda que “essas mesmas operadoras que reclamam dos custos praticam uma faixa de 3% a 5% de glosa, na média nacional. A glosa é o não pagamento de valores referentes a atendimentos, medicamentos, materiais ou taxas cobradas pelos prestadores de saúde. A listagem completa de ações propostas: Informação como Agente de Mudança > Reforçar sistemas de apoio à divulgação de informações de custos e preços dos serviços assistenciais, de forma a ter informação rigorosamente técnica, confiável, auditada, comparável e clara para o entendimento e uso dos consumidores; > Apurar indicadores de tempo médio de internação hospitalar e reinternação (readmissão em 30 dias por qualquer causa) como primeiras proxys para avaliar qualidade do atendimento; > Apoiar a disponibilização do CID de forma a melhor conhecer o perfil da população da Saúde Suplementar; > Apoiar o uso de ferramentas de analytics e big data para estudos epidemiológicos, preditivos e de gerenciamento de crônicos. Organização da Assistência e Remuneração > Reformular o modelo de assistência à Saúde Suplementar; > Desenvolver modelo de assistência à Saúde Suplementar, com foco na atenção integrada aos idosos portadores de doenças crônicas, em que o cuidado seja coordenado e organizado hierarquicamente; > Avaliar a viabilidade das operadoras integrarem e compartilharem a rede assistencial para idosos, iniciando com projeto piloto em Copacabana; > Desenvolver infraestrutura de apoio ao controle de acesso, a fim de evitar o absenteísmo e desperdício; > Adoção de novas formas de remuneração, que alinhem incentivos financeiros com as melhores práticas. Preservando o Acesso e Diversidade de Produtos > Desenvolver incentivos que estimulem o uso adequado dos planos, gerando, para o beneficiário, interesse na gestão de saúde e finanças pessoais; > Viabilizar novos produtos adaptáveis à situação brasileira e que possibilitem um maior leque de escolhas para as pessoas e empresas: Produtos com franquias; VGBL saúde e oferecimento de produtos com acumulação; Oferecimentos de produtos regionalizados compatíveis com as redes existentes; FONTE:http://jc.ne10.uol.com.br/blogs/olhovivo/2015/12/01/operadoras-querem-mudar-modelo-de-planos-de-saude-e-introduzir-novos-produtos/ Parcerias Público-Privadas: central de compras, avaliação de tecnologias, conscientização e promoção da saúde.



08/12/2015