COMO MELHORAR O DESEMPENHO DOS PLANOS DE SAÚDE
Como levar melhores serviços aos clientes e reduzir custos
Para o CEO da AsQ, uma das causas do grande número de brasileiros com doenças crônicas é o sistema de saúde atual que está focado na doença e não na saúde
Atualmente, 22% da população mundial possui alguma doença crônica, o que significa 1,7 bilhão de pessoas. Como grande parte destas patologias tem relação com tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e hábitos alimentares, essas doenças, muitas vezes, poderiam ter sido evitadas.
Além dos riscos para a saúde, a prática aumenta consideravelmente os custos para toda a cadeia de saúde. Para se ter uma ideia, um estudo realizado pela Organização Pan-Americana de Saúde, estima que, em 2030, os custos com as doenças crônicas cheguem a US$ 458 bilhões.
Para o CEO da AsQ, André Machado, um dos responsáveis por esse número é o atual sistema de saúde: “O sistema está focado na doença e não na saúde. Isso não faz o menor sentido. Um exemplo é a quantidade de pessoas com doenças crônicas em todo o mundo”.
Para se ter uma ideia, atualmente, o número de beneficiários de planos de saúde é de quase 48 milhões, enquanto, em 2010, era de 44,9 milhões. Neste mesmo período, o número de operadoras que saíram do mercado foi de 328, ou seja, 2,7 planos fecham as portas por mês.
> Saúde financeira das operadoras de saúde é prejudicada por gastos excessivos
Segundo a médica Dra. Rita Vilanova, que trabalha em operadoras de autogestão desde 2007, sendo os últimos seis anos dedicados à gestão técnica de uma empresa de médio porte, a Casaembrapa, o problema é que o custo da saúde tem aumentado de forma astronômica, muito acima da inflação geral em função da aquisição de novas tecnologias.
“Se a gente não fizer nada, vamos inviabilizar a operação. A saúde suplementar está fadada ao insucesso, se nada for feito nesse sentido. Estamos sempre enxugando gelo. Os custos crescem e não temos como aumentar a receita”, afirma.
“O modelo de saúde ofertado atualmente no segmento privado implica em mais gastos e menos eficiência no serviço, onde o paciente fica solto e sem coordenação do cuidado. Por tudo isso que a Atenção Primária à Saúde (APS) é apontada como organizadora do sistema de saúde, especialmente por melhorar os resultados para todos os atores do setor”, explica André Machado.
Desafios
Um levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com dados de uma operadora de modalidade autogestão, que cuida de 76,1 mil vidas, apontou que 5% das pessoas que geraram maior despesa assistencial foram responsáveis por 66,5% da despesa assistencial total, cerca de R$ 354,9 milhões. Em um único ano, esses beneficiários realizaram em média, 80,6 exames ambulatoriais por pessoa, quando a média das demais pessoas foi de 30,9 exames.
Com relação às internações, a cada 100 beneficiários houve 190 internações, enquanto que no outro grupo a relação foi de 11,8 para cada 100. “Com o alto custo, os planos estão fechando as portas e os beneficiários estão insatisfeitos com sua própria saúde, pois não percebem que estão sendo cuidados integralmente e sim em partes, uma vez que cada profissional cuida apenas da sua especialidade”, explica André Machado.
Para a Dra. Rita Vilanova, o modelo vigente das operadoras, conhecido como fee for service, modelo de remuneração funcional e baseado no serviço executado, privilegia o desperdício do recurso. “Ganha mais quem mais faz. O que não significa que faz melhor. Isso cria situações que considero verdadeiras aberrações. Já que aquele prestador que faz mal feito ganha mais que o que faz melhor”, afirma.
Ainda segundo a Dra. Rita, o modelo de remuneração baseado em valor, onde estamos preocupados com a efetividade de entrega, e experiência do usuário, pode ser a solução. “Hoje a mentalidade do usuário é de que já que tá pagando tem que usar. Mas quando o beneficiário usa o plano de forma indiscriminada, se submetendo a exames desnecessários, além de estar usando mal o recurso, que é dele, sem reverter em qualidade, acaba se submetendo ao risco desnecessariamente”, explica.
A pandemia e a sustentabilidade das autogestões
Vários aspectos impactaram a saúde não só das pessoas, mas também das autogestões e planos de saúde durante a pandemia. Desde internações, leitos de alto custo e longa permanência a adaptações da telemedicina aos tempos pandêmicos.
De acordo com a Dra. Rita, existe um outro custo que os planos ainda terão que lidar: as consequências dessas infecções causadas pelo Covid-19. “Temos um número considerável de pacientes que sobreviveram à Covid mas voltaram para casa com sequelas, que vão demandar uma reabilitação por um bom tempo”, afirma.
Além disso, há um custo mais difícil de mensurar, o das demandas que ficaram represadas em questão do isolamento social, já que muitas pessoas deixaram de fazer acompanhamento de doenças porque ficaram com medo de se expor.
Para a gestora técnica da Casaembrapa, a educação continuada em saúde, divulgação de conteúdo relevante e palestras são algumas formas de aproximar a comunicação do plano com o usuário, que precisa entender também que a saúde pertence a cada um, que se adquire saúde fazendo boas escolhas no dia a dia.
Por isso é tão importante ver crescer a Atenção Primária no Brasil, em todos os níveis de saúde, não só na saúde suplementar. “É preciso mudar a cultura. Cada cidadão precisa entender que prevenir é muito melhor do que tratar. Não podemos mais fechar os olhos e fingir que não tá acontecendo nada. Por que nossa população está ficando cada vez mais obesa? Por que cada vez menos pessoas procuram se vacinar? Que fatores estão levando a isso?”, questiona a Dra. Rita que também nos trouxe a resposta: "O caminho é fazer as pessoas refletirem e mudarem a mentalidade”.
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/asq-saude/saude/noticia/2021/07/26/planos-de-saude-como-levar-melhores-servicos-aos-clientes-e-reduzir-custos.ghtml |
27/07/2021
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